Resumen:
INTRODUÇÃO Mesmo após muitas experiências históricas, nos governos à esquerda da América Latina recentes (desde a “onda rosa”), continua comum constatar que a orientação dos agentes políticos, nas diversas dimensões de atuação estatal, buscam o alcance de reformas progressistas como se fosse suficiente a ocupação dos espaços estatais e sua instrumentalização para o interesse coletivo. Parecem tergiversar ou não compreender o papel do Estado como expressão das relações de poder e de exploração nas condições capitalistas. É necessário atualizar continuamente o desvelo da materialidade do Estado na estrutura do modo de relações capitalistas e dos antagonismos entre as classes. OBJETIVOS Investigar a imbricada relação entre estado e classes sociais, sobretudo na forja de políticas públicas e do provisionamento de direitos. METODOLOGIA Apresentamos reflexões teóricas e políticas acerca do Estado no desenvolvimento do modo de relações capitalistas em perspectiva histórica, buscando compreender sua conformação, papel e refuncionalizações a cada etapa do capitalismo, buscando pistas sobre sua conformação em condições concretas mais contemporâneas. O trabalho tem caráter exploratório e ensaístico. RESULTADOS O estudo avaliou a categoria “Estado” a partir de seu desenvolvimento histórico, de acordo com: as diferentes formações histórico-sociais; pela sua posição no centro ou na periferia do capitalismo global; pelas funções estatais diante as periodizações do capitalismo formuladas por distintos autores. As variações morfológicas do papel e funções do Estado moderno, qual seja sua forma manifesta, se apresentam intrínsecas e inerentes à reprodução do modo de produção capitalista. CONCLUSÕES O estado é sempre uma relação social, contraditória e histórica, e singular à estrutura social que se origina e, dialeticamente, dá sustentação. A afirmação que adjetiva o estado como capitalista não se constitui um truísmo, pois necessária para contribuir no desvelo do fetichismo que encobre ideologicamente o “estado” em suas compreensões correntes e enfrentar seus reflexos políticos e sociais mais agudos.
Referencias bibliográficas (opcional):
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